Em
dado momento, chegou ao Grupo de Caça a ordem para que fosse bombardeado um
banco de areia na Ilha do Fundão, próximo à ponte do Galeão, que estava infestado
de mortíferas aranhas “Viúvas negras”. Um F-8 foi preparado, armado com duas
bombas M38-A2 carregadas com “napalm”, mistura de gasolina com um agente
químico.
Era
uma missão que exigia perícia e determinação para ser cumprida, em função dos
riscos, uma vez que o referido banco de areia estava localizado nas vizinhanças
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O
eixo de ataque “ideal” previa o sobrevoo das instalações do antigo Aeroporto do
Galeão e a recuperação, após o lançamento, sobrevoando o Hospital das Clínicas
da UFRJ. A possibilidade de uma falha material, causando um lançamento
inopinado, ou uma falha do piloto, errando grosseiramente o ponto de impacto,
poderia ter consequências catastróficas. Não aparecendo nenhum outro
voluntário, apresentei-me para cumprir a missão e pensei: Vai dar tudo certo,
vou, mato e volto.
Acreditem
ou não, a missão foi executada sem maiores percalços, duas passagens sobre o
alvo, a primeira para conferir as condições de segurança na área e a segunda
para efetuar o lançamento. A única repercussão daquele feito foi uma nota na
imprensa, de autoria de um cronista social, no dia seguinte, recomendando
jocosamente que o piloto passasse pelo “Parque Xangai”, para treinar e melhorar
a pontaria. Para falar a verdade, na ocasião não compreendi porque não optaram
por uma solução por via terrestre ou marítima e, ainda, porque eu mesmo aceitei
aquele absurdo desafio.
Só
muito recentemente fiquei sabendo que a “missão (quase) impossível” fora
solicitada pelo comando da Base Aérea do Galeão, após a ocorrência de duas
fatalidades, que envolveram um pescador e um soldado bombeiro, ambos picados
pelo peçonhento aracnídeo,
Texto de Luiz Fernando Cabral – Cel.Av.Ref.