✈ O Lockheed
L-188 Electra é um avião comercial de médio porte, turboélice de
fabricação norte-americana projetado e construído pela Lockheed. Foi o primeiro
avião turboélice comercial construído nos Estados Unidos. Voou pela
primeira vez em 1974 e foi o mais famoso avião que operou na Ponte Aérea
Rio-São Paulo.
Bastava
à chamada para embarque acabar e os funcionários abrirem os portões para uma
competição digna de atletismo começar: os passageiros saíam em disparada pelas
pistas de Congonhas e Santos Dumont em busca dos melhores lugares no Electra.
Nem
todos corriam, mas havia quem disputasse um lugar no conhecido lounge, uma
espécie de saleta no fundo do turboélice que era o local ideal para executivos
viajarem em fim de expediente na volta para sua cidade de origem.
Hoje,
a ligação entre as duas mais importantes cidades do Brasil não lembra nem de
longe esse período tão peculiar. Os passageiros desfrutavam de um serviço de
bordo com direito a itens sofisticados como champanhe e uísque, bem diferente
das barrinhas de cereais e água dos voos atuais.
Foi
à época do Electra II, um turboélice quadrimotor de som inconfundível que
dominou a ponte durante 16 anos até ser a sua aposentadoria em 1992.
Os
voos entre o Rio de Janeiro e São Paulo começaram nos primórdios da aviação
comercial brasileira, logo após a Segunda Guerra, quando a oferta de aviões era
grande.
A
ligação se transformou na conhecida ‘Ponte Aérea’ apenas em 1959, de forma
improvisada quando os gerentes das companhias Varig, Vasp e Cruzeiro decidiram
coordenar seus voos entre os aeroportos de forma a não se sobreporem e perderem
passageiros para a companhia aérea mais agressiva da época, a Real Aerovias.
Electra era capaz de levar 90 passageiros com conforto para os padrões da época |
As
três companhias deixaram de exigir endossos nas passagens e, com isso, ficou
fácil para o passageiro embarcar em qualquer um de seus voos. Não demorou que a
direção da Varig, Vasp e Cruzeiro adotassem a prática de forma oficial.
Com
a incorporação da Real pela Varig, aos poucos, o serviço foi ganhando mais
padrão.
Congonhas na década de 60: ponte aérea era feita com vários tipos de aviões |
No
início, os voos eram realizados por uma variedade de aviões, de modelos a
pistão de pequeno porte a de grande porte a turboélices de origens diversas.
Aos poucos a Ponte Aérea foi se consolidando, dominada pela Varig, que em 1975 também
assumiu a Cruzeiro.
Nesse
mesmo ano, o DAC decidiu obrigar o uso de turboélices no trecho, o que limitou
o serviço ao Electra e ao Samurai, um aparelho de origem japonesa.
Mas um
acidente com esse avião antecipou sua aposentadoria, que operava desde 1962, o
Electra passava então a ser o único avião usado na ponte.
Samurai da VASP |
Na
década 70, os aviões Electra da Varig, chegaram a uma frota de 14 aeronaves.
A
idade avançada e o crescimento dos voos no país começaram a pesar para o velho
avião. Na década de 80, a Boeing tentou provar que uma nova versão do jato 737
era capaz de operar no Santos Dumont, porem a pista com 1.300 metros era
considerada curta demais para ele.
A
mudança era pleiteada pela Vasp e Transbrasil. A Varig, no entanto, relutou até
onde pôde, mas no início da década de 1990, graças a uma nova tecnologia de
pavimentação de pistas, o aeroporto Santos Dumont passou a ter condições
de operar jatos com segurança, Congonhas com pista maior não apresentava restrições.
Antes
disso, em 1989, a empresa regional TAM, iniciou um serviço alternativo ao pool,
batizado de Super Ponte, com turboélices Fokker F-27. Apesar de serem mais
lentos e desconfortáveis, eles ofereciam um serviço de bordo caprichado e a possibilidade
de reserva de assento.
Em
1992, a era do Electra encerrou. A Vasp e Varig passaram a voar com aviões
Boeing 737-300, seguidas pela Transbrasil. A TAM veio com o Fokker 100, um jato
moderno e fácil de operar, para competir no trecho.
A
volta da competitividade melhorou o serviço, mas vitimou as companhias mais
antigas, cujas gestões eram mais engessadas e lentas. Com o tempo, Vasp,
Transbrasil e, por último, a Varig deram adeus ao “filé mignon” do mercado de
aviação brasileiro. Em seu lugar, a TAM e a novata Gol assumiram a rota mais
movimentada do país, mas em vez do charme, hoje quem voa entre o Rio de Janeiro
e São Paulo já não corre pela pista nem tem uma experiência tão única que virou
tema de músicas e muitas histórias.
Nos
seus 30 anos em serviço, a frota de 14 aeronaves da Varig voou nada menos que
777.140 horas, ou o equivalente a 88.7 anos sem sofrer nenhum acidente fatal!
Neste período, foram nada menos que 736.806 pousos, numa média de 55.510 horas
de vôo por aeronave e 52.629 ciclos por avião. Isto dá em média 4,93 pousos por
dia, durante todos os 10.675 dias deste longo período.
✈ Características principais do Electra II:
Tipo: Monoplano quadrimotor de asa baixa, de construção totalmente metálica, para transporte de passageiros em curtas distâncias;
Grupo moto propulsor: 4 motores turboélice Allison 501-d13A de 3.750 ESHP cada, equipados com hélices quadripás Aeroproducts A6 641FN-606;
Envergadura: 30,18 m;
Comprimento: 31,85 m;
Altura: 10,00 m;
Peso Vazio: 26.036 kg;Peso Máximo de decolagem: 51.256 kg;
Velocidade
máxima: 721 km/h;
Teto
de serviço: 8.655 m;
Autonomia: 4.500 km;
Distância
de decolagem: 1,438 m (com peso de 51.256 kg);
Capacidade
de passageiros: 65 a 100 pessoas.
Vejam
um pouco mais sobre Ponte Aérea, os serviços, as aeronaves e muito mais desta
época em: