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20150928

Edu Chaves pioneiro da aviação no Brasil

Conhecido como Edu Chaves, Eduardo Pacheco Chaves foi um aviador brasileiro pioneiro nas ligações aéreas entre São Paulo e Santos; São Paulo e  Rio de Janeiro, e também entre o Rio e Buenos Aires.
Foi o primeiro brasileiro a cruzar os céus do Brasil, na praia de Santos, e a inaugurar a ponte aérea Rio-São Paulo. Todavia, sua memória quase foi apagada pela ditadura Vargas. Mesmo passados mais de 100 anos, seus feitos ainda são pouco lembrados pela história da aviação brasileira.
Edu Chaves era filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves  e de Anésia da Silva Prado, uma antiga família de cafeicultores. Nasceu em um casarão da Rua São Bento  na cidade de São Paulo em 18 de julho de 1887.
Fascinado pela aviação, vai para a França com o propósito de tornar-se piloto. Em 28 de julho de 1911 adquire seu” brevê” de piloto da Federation Aeronautique Internacionale a bordo de um pequeno aparelho modelo Bleriot de 25 HP.
Ainda na França, foi o primeiro aviador a relizar vôos noturnos e  primeiro piloto brasileiro a voar nos céus do Brasil no dia 8 de Março de 1912, na cidade de Santos. Neste período teve a oportunidade de voar em companhia do aviador francês Roland Garros em sua breve estadia no Brasil.
Poucos acreditariam que ele se tornaria um dos pioneiros da aviação, sendo um dos primeiros a realizar um voo noturno entre Paris e Orleans. De volta ao Brasil, trouxe na bagagem alguns aviões.
Criou a primeira escola de aviação do país em  Guapira, , São Paulo onde empregou os seus aviões trazidos da Europa. 
A ele é conferida a honra de ter realizado o primeiro voo entre São Paulo e Rio de Janeiro sem escalas, segundo o jornal O Diário, de 6 de julho de 1914.
"O dia de ontem assinalou mais um triunfo para a aviação no Brasil. Coube ainda uma vez a Edu Chaves realizar um "raid" sensacional, vindo de São Paulo ao Rio de Janeiro em 6 horas e meia, vencendo com admirável segurança um percurso de 450 quilômetros. O arrojado aviador paulista, nessa prova de resistência teve de vencer dificuldades que não chegaram para impedir a terminação do seu vôo memorável, desta vez terminado com um absoluto sucesso, aterrando calmamente no campo de aviação da fazenda dos Afonsos.

Edu Chaves saiu do prado da Mooca em S. Paulo às 9,30 da manhã, tendo resolvido de surpresa renovar o "raid" que o tornara famoso, alguns anos atrás, quando uma falsa orientação do terreno o fez cair ao mar, nas proximidades de Mangaratiba. O aparelho de que se serviu Edu Chave foi um monoplano Bleriot, com um motor Gromo de 80 cavalos.

O percurso realizado no "raid" de ontem foi de cerca de 450 kilômetros, vencidos em 6 horas e meia. Edu Chaves fez o vôo na altura de 2000 metros, subindo a 3000 metros ao atravessar a Serra do Mar. A velocidade desenvolvida pelo Bleriot foi de cerca de 80 kilômetros por hora. Foi uma verdadeira surpresa a chegada de Edu Chaves no campo de aviação da fazenda dos Afonsos. Recebido com efusivas demonstrações de aclamação, por Darioli, Nicola Santo, Kirk e outros aviadores presentes, Edu Chaves foi felicitado entusiasticamente pelo "raid" que realizara com um sucesso tão brilhante.(…)"


Os anos 1920 seriam marcados por uma crise econômica que acabaria com muitas das fortunas cafeeiras do Brasil. Soma-se ainda a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, que atrapalhou os negócios do aviador.

Na Revolução de 1924, por ordens do brigadeiro Eduardo Gomes, os aviões foram confiscados. Depois disso, Edu Chaves ficou muito desgostoso e foi morar por muitos anos na França, onde vivia com recursos de herança familiar.

A década de 1930 foi decisiva na sua carreira, pois Getulio Vargas assume o comando do país com “mãos de ferro”. Diante de algumas medidas implantadas pelo governo, as lideranças paulistas entram em atrito com o governo federal e para acalmar os ânimos Vargas nomeia um interventor em São Paulo.
Por ser de família tradicional paulista, Edu Chaves foi propositalmente relegado ao esquecimento por Getúlio. Edu Chaves então abandona de vez a aviação.

Faleceu aos 88 anos em 21 de junho de 1975, em São Paulo, e deixou escrito às vésperas do primeiro voo, com a coragem que lhe era peculiar: “Voar amanhã não vai dar graça. Tem que ser agora.”

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre e Revista a Cigarra de 1921.
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