✈Euclides
Guterres foi um peão gaúcho, nascido na cidade de Santa Maria no Rio
Grande do Sul, que se tornou celebridade instantânea no dia 20 de janeiro
de 1952 , quando tinha 24 anos de idade, ao laçar o avião CAP4 / Paulistinha
de prefixo PP-HFP, que estava dando vôos rasantes na fazenda de seu
patrão.
Um
peão de estância laçar um avião "pelas guampas", em pleno ar, parece
lenda, mas é fato. Isso aconteceu em numa fazenda, nas proximidades da Base
Aérea de Camobi, em Santa Maria.
O
avião, pilotado por Irineu Noal, com histórico de apenas 20 horas de vôo, tinha
decolado do aeródromo de Santa Maria com destino à Fazenda de Cacildo
Pena Xavier em Tronqueiras, pai de sua ex-namorada, onde, já terminado seu
relacionamento amoroso iria devolver as cartas à ex-namorada, que já estava
noiva de outro.
O vôo
levou menos de dez minutos para chegar ao destino.
Ao
sobrevoar a fazenda, começou a fazer uma série de manobras rasantes próximas à
cerca, onde Guterres encontrava-se cuidando de uma novilha doente. O Peão
notando que a aeronave aproximava-se se
cada vez mais de onde ele estava e achando que aquilo era brincadeira ou algum
tipo de provocação, não teve dúvidas: armou o laço de 13 braças e quatro tentos
e o atirou em direção a cabeça do teco-teco, depois de três ou quatro
tentativas, conseguiu laçar a aeronave acertando o alvo.
Por
estar preso na cincha do arreio sobre o cavalo, o laço, com o impacto,
arrebentou na presilha e seguiu pendurado no avião. O piloto, assustado, tratou
de pousar na pista da base aérea. Longe do hangar, retirou o laço e o escondeu
no meio das macegas. No dia seguinte, um instrutor notou que a hélice do
aparelho estava rachada. Pressionado, o piloto confessou o acontecido.
O
peão Euclides Guterres, aos 24 anos, autor do feito que repercutiu mundialmente,
reprodução da revista O Cruzeiro.
O
comandante do aeroclube procurou o jornalista Cláudio Candiota (1922-2012),
diretor de A Razão, e contou a história, mas pediu para não divulgá-la,
"para não causar prejuízo à imagem do estabelecimento sob sua
responsabilidade".
O
jornalista comentou: "Não prometo nada, deixa comigo. Vou tornar este
aeroclube famoso em todo o mundo". Não só deu a notícia no seu jornal como
no Diário de Notícias, de Porto Alegre, como telefonou para a revista O
Cruzeiro. Esta, na mesma semana, mandou seu melhor fotógrafo, o gaúcho Ed
Keffel, a Santa Maria, onde reconstituiu o episódio e o estampou em cinco
páginas, amplamente ilustradas. Com circulação de mais de 700 mil exemplares, a
reportagem de Cláudio Candiota repercutiu na imprensa mundial.
"Eu
não fiz por maldade, foi pura brincadeira. Para falar a verdade, não acreditava
que pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas num tiro de laço", confessou
Euclides Guterres.
O
avião só não caiu porque a hélice do motor cortou o laço. Mesmo assim ficou
danificado, e o piloto Irineu recebeu uma multa e teve seu breve cassado.
Até hoje ele guarda a hélice da aeronave com o pedaço do laço, segundo
matéria do jornal Correio do Povo de 29 de janeiro de 2007.
Na
ocasião, houve registro do fato no Time Magazine, em 11 de fevereiro de 1952 e
em outros jornais da época, como A Razão, o Diário de Notícias e no
caderno Almanaque do Correio do Povo. A Base Aérea de Santa Maria também mantêm
em seu acervo vários jornais e revistas da época, relatando a façanha do peão
Euclides Guterres, já falecido.
Não
existem registros de casos semelhantes.
Post (331) - Novembro de 2017