O
Scorpion resultou de uma idéia dos responsáveis pela revista Popular Mechanics para
desenvolver um PiperCub para as próximas
gerações. O grupo de especialistas se reuniu na Scaled Composites por um
dia, sob os auspícios de Burt Rutan, era constituído pelo piloto da Marinha
Wally Schirra, o empresário de aviação Frank Christensen, o capitão e ex piloto
de testes da Marinha JP Tristani, o ilustrador de aviação Mark McCandlish, o
jornalista e piloto Fred Mackerodt, o editor-chefe Joe Oldham e editor de
Ciência / Tecnologia / Aeroespacial, Tim Cole.
Todos
esses especialistas, na década de 80, não
se dispuseram apenas a idealizar um avião, estavam com a convicção de que o
mercado de aviação era visto como um doente e suas reflexões poderiam levar a
uma cura.
Segundo
o consenso do grupo, o número de novos pilotos que compram aviões pequenos
começou a cair. O assustador no custo da instrução de voo e treinamento foi
parte do problema, assim como os custos da certificação da FAA e o do seguro de
responsabilidade da aeronave. O intuito era projetar um avião do futuro que
seria revolucionário em vez de evolutivo, começar de uma lousa limpa em vez de se
basear nos projetos existentes.
As diretrizes definidas
para o novo projeto foram às seguintes:
-
Ter um design revolucionário, ser uma plataforma de treinamento básica
removendo todas as barreiras de hardware entre o voo e o homem comum, um avião
mais fácil de usar jamais projetado.
-
A equipe foi unânime em afirmar que a aeronave deveria ser de dois lugares. Os assentos
não deveriam ser lado a lado, mas sim escalonados, o que apresentaria muitas
vantagens: entre elas, a fuselagem mais estreita dando ao passageiro e ao
piloto bastante espaço para se movimentar.
-
O coração da aviônica do Scorpion seria um par de microprocessadores baratos.
Os monitores não apresentariam números, apenas ícones e gráficos simples
mostrando todas as informações necessárias.
-
Quanto ao o exterior do avião, as diretrizes estabelecidas pelo grupo para o
projeto da estrutura da célula seriam bastante simples, mantendo a contagem de
peças baixa para ajudar na fabricação e reduzir as despesas.
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As asas receberiam um pouco de varredura para frente para permitir manter o
centro de pressão destas localizado corretamente em relação ao centro de
gravidade.
-
Decidiu-se optar por comandos laterais para ambos os ocupantes. Como o painel
de instrumentos é visto como uma das principais razões pelas quais muitas
pessoas não aprendem a voar, a abordagem era criar um sistema que resumisse
todas as informações importantes um único monitor fácil de decifrar.
-
A hélice foi testada em praticamente todas as posições do avião. Finalmente,
foi decidido colocar um par de motores empurradores leves e baratos nas bordas
de fuga das asas, o mais próximo possível da fuselagem, para limitar o empuxo
assimétrico. Isso limpou drasticamente o nariz do avião, canards de alta
proporção foram ajustados para ajudar no controle do stall e do centro de
gravidade.
-
Foi adicionado um diedro negativo para manter as pontas das asas próximas ao
solo, de forma que as rodas dos trens tipo ponta-arrastadora pudessem ser
encaixadas, por causa da disposição do trem principal de aterrissagem localizado
na linha central da fuselagem.
-
O Scorpion seria feito de algum tipo de fibra sintética. O objetivo principal seria
manter a contagem de peças e os custos de mão-de-obra baixos. O avião deveria
ser construído em grandes seções, como um kit de modelos de plástico: a
fuselagem em duas metades, assim como a asa e assim por diante.
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Velocidade máxima de 320 km/h.
Em
seu delírio de “Céu azul”, o grupo ignorou outras questões burocráticas envolvendo
o produto e concentrou-se em questões construtivas da própria máquina. Como
Christensen apontou:
"Todas as
coisas sobre as quais falamos são possíveis. O conceito de moldagem por injeção
para os painéis de fuselagem e os eletrônicos são fáceis de se obter. Tudo isso
está disponível de uma forma ou de outra. Os motores poderiam estar aqui em
breve”
Finamente o projeto
da mais elegante aeronave da aviação geral da década de 80, que teve o seu projeto
liderado pelo Rutan foi e esquecido e nunca saiu do papel.
Post (366) – Fevereiro de 2019