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20190328

Tupolev Tu-95LAL – Bombardeiro nuclear soviético URSS



Na década 1950, durante a guerra Guerra Fria tanto os Estados Unidos como a União Soviética desenvolveram projetos de aeronaves equipadas com reatores nucleares, que teoricamente deveriam gerar a energia necessária para alimentar os motores especiais de um avião que poderia permanecer voando durante meses ou até anos sem precisar pousar para reabastecer.

Em 12 de agosto de 1955, o Conselho de Ministros da URSS emitiu uma ordem para que certos grupos dentro da indústria da aviação se unissem nessa empreitada. Os escritórios de design de Andrei Tupolev e Vladimir Myasishchev foram escolhidos para desenvolver as aeronaves destinadas à propulsão nuclear, enquanto a agência liderada por ND Kuznetsov e AM Lyulka, para desenvolver os motores. 

Eles prontamente decidiram por um método de transferência de energia denominado Ciclo Direto. Este método permitiria que os motores usassem a energia fornecida por um reator em substituição a câmara de combustão do motor a jato. 
 

Vários tipos de motores nucleares foram testados entre eles o ramjet, o turboélice e o turbojato e mecanismos de transferência para a transmissão da energia térmica nuclear.

Na transferência de potência Ciclo Direto, o ar de entra pelo mecanismo de compressor do motor turbojato e é direcionado para o núcleo do reator. Em seguida, o ar é constantemente aquecido à medida que se move através do núcleo. Depois de sair do núcleo, o ar volta e é direcionado para a seção de turbina dos motores para a produção de empuxo.

Proteger a tripulação e reduzir o tamanho e o peso dos reatores, a fim de adequá-los a uma aeronave, tornou-se o principal obstáculo técnico do projeto. O departamento de Tupolev, pela complexidade da tarefa estimou que fossem necessárias duas décadas antes que pudesse produzir um protótipo funcional, o que só aconteceria no final dos anos 1970 ou início dos anos 80.
O programa originalmente previa a primeira fase do projeto e teste de um pequeno reator nuclear para o final de 1955.

Em março de 1956, para abreviar o tempo de desenvolvimento, os engenheiros da Tupolev decidiram pegar um bombardeiro Tu-95M existente e usá-lo como um laboratório voador nuclear, a designado Tu-95LAL com um reator VVRL-lOO instalado no compartimento de bombas da aeronave.

 Em 1958, na fase terrestre do programa, a sonda para o reator nuclear na aeronave, estava pronta e foi ligada para testes. Nesta ocasião o nível requerido de potência do reator foi alcançado, abrindo o caminho para a fase de teste de vôo.

Entre maio e agosto de 1961, o Tu-95LAL completou 34 voos de pesquisas, a maioria deles feitos com o reator desligado. O principal objetivo desta fase foi examinar a eficácia da proteção contra radiação, a principal preocupação dos engenheiros.

A enorme quantidade de sódio líquido, óxido de berílio, cádmio, cera de parafina e chapa de aço, eram a única proteção para a tripulação contra a radiação mortal que emergia do núcleo. Os resultados foram mais uma vez promissores, os níveis de radiação estavam baixos na cabine da tripulação, abrindo caminho para a agência projetar uma nova estrutura.

A próxima fase do programa foi produzir uma aeronave de teste projetada desde o início movida à energia nuclear. Esta seria a aeronave 119, baseada no projeto Tu-95, com dois de seus quatro motores internos substituídos pelos novos turboélices NK14a com trocadores de calor.

O motor NK14a opera de forma muito parecida com os motores de Ciclo Direto, sendo que a principal diferença é que o ar depois de passar pelo compressor, não vai até o reator e sim diretamente para o sistema de troca de calor. Ao mesmo tempo, o calor gerado pelo reator, transportado na forma de fluido, vai para o sistema de troca de calor. A combinação dessas duas forças permitiria que o turbojato produzisse a quantidade necessária de empuxo. Os outros dois motores externos permaneceriam NK12Ms


O NK Kuznetsov Design Bureau começou a desenhar uma nova configuração de aeronave, o 119 ao mesmo tempo em que os nos novos motores eram desenvolvidos. Como no Tu-95LAL, o compartimento interno de bombas do 119 abrigaria o reator. As conexões que ligam o reator aos motores percorreriam a fuselagem principal até as asas e nestas até os trocadores de calor conectados aos dois motores internos. Tupolev estimou que os primeiros 119 deveriam estar disponíveis para testes de pista no final de 1965, com uma configuração de quatro motores NK14a. O 119 nunca conseguiu sair da prancheta. As restrições orçamentárias e o desenvolvimento de novos projetos de aeronaves convencionais foram a principal razão para o cancelamento do programa em agosto de 1966.

O cancelamento da aeronave 119 não significou que a União Soviética terminasse as suas pesquisa nesta área, várias outras tentativas foram feitas. Sendo o mais importante o chamado Aircraft 120, que era equipada com dois motores turbojatos de Kuznetsov e teria o reator instalado na parte traseira do avião, o mais longe possível da cabine. Os 120 teriam uma configuração aerodinâmica com uma asa com 45 graus. O objetivo de Tupolev de alcançar a fase de testes para os 120 no final dos anos 1970 nunca se materializou ficando apenas na prancheta. O programa foi cancelado pelas mesmas razões do 119.

Outro projeto importante foi o 132, um avião de ataque de baixo nível. O projeto 132 teria dois motores turbojato, projetados para operar com energia nuclear ou com querosene convencional. O querosene seria usado apenas para operações de decolagem e pouso.

A principal diferença foi a configuração das asas, o 132 teria sido um avião de asa delta. O 132 foi cancelado em meados da década de 1960.
Em dezembro de 1957, uma variante de asa varrida do projeto M-60 foi introduzida ela seriacomo um M-60 com asas delta com os dois motores colocados em postes sob as asas e em nacelas de ponta. Este também não saiu da fase de planejamento.

Após o cancelamento do programa M-60 em 1959. O golpe final no programa de aeronaves nucleares veio no início de 1961, quando a liderança soviética pediu o abandono de todos os programas relacionados, terminando assim um dos seus programas mais caros e tecnicamente desafiadores de todos os tempos. A principal razão dada aos envolvidos no projeto,  como nos EUA, foi a introdução de mísseis balísticos intercontinentais mais precisos e menos dispendiosos a bordo de submarinos movidos a energia nuclear.

Convair NX2- USA
Mais ou menos na mesma época em que os soviéticos começaram seu programa de aeronaves nucleares, os Estados Unidos, já estava trabalhando em ritmo acelerado para colocar em campo seu próprio bombardeiro nuclear o Convair NX2 , com as dimensões do enorme bombardeiro B-36, um dos maiores bombardeiros já construído.

Aviões nucleares não são como bombas nucleares. Eles não explodem, no entanto, um acidente com uma aeronave deste tipo pode espalhar material radioativo e comprometer seriamente as regiões atingida.

Felizmente nenhum acidente foi registrado, tanto na URSS como nos EUA.


Post (381) – Março de 2019