20190412

Um voo a bordo de um antigo biplano


Esta é uma pequena história de um corajoso passageiro voando pela primeira vez em um biplano.
Primeiramente é importante entender o que é um Biplano.

Biplano é uma aeronave com duas superfícies de sustentação verticalmente paralelas, uma asa sobre a outra. Foi uma configuração muito usada até os anos 40, mas caiu em desuso gradativamente por apresentar grande arrasto aerodinâmico, impedindo que o avião alcançasse altas velocidades, mesmo com motores potentes. Por outro lado, o biplano possui grande manobrabilidade por possuir asas mais curtas e, portanto, menor momento angular no sentido longitudinal.

Atualmente, existem ainda muitos modelos de Biplanos restaurados, em museus e em mãos de colecionadores. Alguns ainda hoje são usados com finalidades, entre outras, de fornecer a pessoas corajosas como eu passeios inesquecíveis.

Falar sobre o Biplano muito já se fez, mas particularmente não de sua cabine de pilotagem e da sensação de estar senado nela, de certa forma ser muito agradável e voar nele muito menos ainda.

O Cockpit, o mesmo original de sua época  é um local situado na parte dianteira da fuselagem da aeronave onde os ocupantes se acomodam para pilotar e viajar. 
Ele inclui uma série interminável de instrumentos necessários para o vôo – para nós leigos são complicados – tais como o velocímetro, o horizonte artificial, o altímetro e os pedais, as manetes de mistura para controle do motor, botões, alavancas e muito mais. Além do manche que aparentemente brota do piso e os cabos dos comandos traseiros passando pelo assoalho.

Dependendo do seu modelo, uma cabine de pilotagem pode abrigar além do piloto, um copiloto, navegador, observador, artilheiro e ou simplesmente um passageiro. Assim era a maioria dos antigos biplanos da época da primeira Grande Guerra Mundial.

"- Como passageiro recebo um gorro de couro com um par de óculos acoplados que remontam ao princípio do século passado. "Só faltou o cachecol", penso.

Voar, afinal, é uma das sagradas circunstâncias em que homem e máquina, através das nuvens, assumem uma só silhueta e eu estou prestes a viver esta aventura.

Para entrar, piso na base da asa com cuidado, no local previamente marcado, apoio as mãos sobre a fuselagem e mergulho para dentro do cocknpit. O banco é bem simples, uma armação metálica com acento e encosto de lona, confortável até certo ponto. Enquanto fixo o cinto de segurança, o piloto dá a ordem para que o mecânico em terra acione a hélice. O ronco do motor radial é barulhento, perece dócil e vigoroso, com a potência para necessária para levantar grama e poeira da pequena pista de pouso e decolagem. Posiciono os óculos e sinto os solavancos dos primeiros movimentos da máquina. Estamos partindo, deixando o solo.

O vento no rosto é como voar com uma motocicleta, além do som estonteante do motor que é parte do pacote, o cheiro do combustível queimando é como em perfume bem estranho para quem não esta acostumado.

Logo o piloto estabiliza a aeronave uma altitude não muito elevada. Olho para cima, para baixo e para os lados e pela primeira vez desfruto da sensação de estar voando de verdade, livre como um pássaro totalmente diferente de como estar em um vôo comercial.
O passeio ganha ares indescritíveis, o clima está agradável, sinto os raios do Sol e uma sensação do frio provocado pela altitude, um pouco de medo durante algumas manobras, não vou negar.
A para mim a grande aventura termina com uma aterrissagem precisa, até onde um antigo biplano consegue, depois disto entendi o porquê de Richard Bach, escritor do clássico Fernão Capelo Gaivota, usar a história de uma gaivota para falar sobre liberdade."

 Post (389) – Abril de 2019