20201019

Submarino voador de Boris Uchakov

Um avião que podia submergir como um submarino foi projetado na década de 1930.

Enquanto estudava na Academia de Engenharia Naval Dzerzhinsky de São Petersburgo, Boris Uchakov teve uma idéia que parecia saída de uma obra de Jules Verne. Ele apresentou aos acadêmicos da instituição soviética os planos de uma espécie de submarino com asas, ou seja, um hidroavião submersível.

O projeto de Ushakov chamou a atenção do exército soviético, que aprovou o seu desenvolvimento. De acordo com a revista “New Scientist”, Boris Uchakov trabalhou na criação do dispositivo híbrido entre 1934 e 1938.

Em 1937, o projeto foi aprovado pelo professor e chefe do departamento de táticas militares do Instituto de Pesquisas Científicas e Construção Naval da Marinha, Leonid Goncharov. "É desejável continuar o desenvolvimento do projeto para descobrir as possibilidades do veículo", escreveu o cientista.

Pouco a pouco, o submarino voador adquiriu sua aparência externa e estrutura interna. O veículo parecia mais um avião do que um submarino. Era totalmente metálico e pesava cerca de 15 toneladas, podendo transportar três pessoas e, teoricamente, desenvolver uma velocidade de voo de até 200 km/h. O alcance do veículo devia ser de até 800 km. A velocidade abaixo da água era de 3 a 4 nós a uma profundidade máxima foi estimada em 45 metros.

A superfície das asas e a fuselagem deveriam ser feitas de aço. Os flutuadores de alumínio foram projetados para ser preenchidos com água quando o veículo ficasse submerso. Além disso, o veículo devia receber suportes especiais para 18 torpedos.

Enquanto estivesse debaixo d’água, o submarino voador deveria detectar os navios inimigos e, quando eles estivessem a uma distância determinada, o veículo deveria voltar à superfície para disparar os torpedos. Após o ataque, poderia submergir novamente para esperar a próxima vítima.

Além disso, o veículo poderia entrar no território das bases navais inimigas, quase sempre bloqueadas por minas marítimas. De acordo com os autores do projeto, os três submarinos voadores poderiam estabelecer um perímetro seguro de 15 quilômetros em qualquer área.

 Em 10 de janeiro de 1938, o projeto foi analisado pela segunda vez por especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Construção Naval da Marinha. Todos entenderam que o projeto exigia um investimento gigantesco, enquanto o resultado final era duvidoso. Devido à velocidade muito baixa, o veículo não podia se tornar uma arma estratégica. Assim, o projeto foi congelado e os submarinos voadores nunca foram construídos.

Texto de: Jaime Nogueira – 11/2017

Post (398) – Outubro de 2020