20160312

Kyushu J7W1 Shinden (Relâmpago Magnífico)

O caça japonês J7W1 Shinden foi o único caça da Segunda Guerra Mundial de configuração Canard a ter tido sua produção encomendada. O termo Canard é de origem francesa, usa-se para definir um avião que possua a asa principal montada na parte traseira da fuselagem, e uma asa menor montada na parte dianteira (*).


Nos Estados Unidos, a Curtiss-Wright e o United States Army Air Force também projetaram e construíram caças com a configuração Canard, o Curtiss XP-55 Ascender e na Alemanha também surgiram alguns estudos. No entanto, o projeto japonês era aparentemente superior. Embora inovadores e incomuns nenhuns dos projetos tenham passado da condição de protótipo.


A Marinha Japonesa sugeriu um projeto radical como forma de combater de maneira mais eficiente os caças dos Estados Unidos de desempenho superior, aos então utilizados pelo Japão.
Para provar os fundamentos do conceito de um caça Canard, idealizado pelo Capitão Masaoki Tsuruno, o staff do Primeiro Arsenal Técnico Naval baseado em Yokosuka, projetou e construiu três planadores Canard em madeira, codificados como MXY6. Estes planadores começaram os testes no final de 1943.

Após uma série altamente promissora de testes, finalmente decidiram construir um protótipo. A Marinha Imperial Japonesa requisitou à Kyushu Hikoki KK para a empreitada, e embora possuísse pouquíssima experiência para projetar e construir um caça tão pouco ortodoxo.
Os trabalhos iniciaram-se em junho de 1944 e dez meses mais tarde o primeiro protótipo do Shinden ficou pronto.


SHINDEN J7W1 HISTORY DOCUMENTATION


Os engenheiros da Kyushu instalaram um motor radial empurrador a partir da metade da fuselagem traseira com uma enorme hélice de seis pás. Foi equipado com um trem de pouso triciclo retrátil. Hoje esse arranjo é comum, mas durante a II Guerra Mundial a grande maioria dos caças usava roda na cauda. O armamento consistia em quatro canhões Tipo 5 de 30 mm, colocados no nariz. Essa disposição, além de dotar o caça de um alto poder de fogo auxiliou no balanceamento da aeronave, dada a colocação do conjunto do motor e da hélice na traseira. Cada canhão podia disparar 450 salvas por minuto, constituindo em um dos maiores poder de fogo da época.

Dada às necessidades urgentes da guerra a Marinha Imperial encomendou a produção do Shinden antes mesmo do primeiro vôo de teste. O planejamento consistia na produção de 150 desses caças por mês, em duas fábricas. Problemas na refrigeração do motor, na entrega de componentes vitais da construção da fuselagem e o estado caótico da indústria japonesa mantiveram o Shinden no solo até 3 de agosto de 1945, quando o Capitão Tsuruno efetuou o primeiro vôo e posteriormente em 9 de agosto mais dois breves vôos.


Tsuruno suspeitando que o final da guerra estivesse próximo permaneceu como um cauteloso piloto de testes, cronometrando apenas 45 minutos de tempo total de testes. Esses 45 minutos, porém, revelaram alguns problemas potencialmente sérios. O avião guinava violentamente para a direita devido ao alto torque do motor em potência máxima na decolagem, e apresentava fortes vibrações.

A Kyushu efetuou a entrega de um segundo protótipo, com alguns dos problemas resolvidos, mas esse avião nunca deixou o solo.


Este deve ter sido o segundo protótipo,
notem o conjunto de hélices duplas,
 possivelmente girando em direções opostas.

A companhia já estava com novos estudos adiantados, e trabalhava na versão impulsionada por um motor a jato mas nunca sequer chegou a sair da prancheta, quando a guerra terminou.

Após a rendição japonesa, técnicos dos Estados Unidos encontraram o primeiro protótipo que juntamente com outras 145 aeronaves japonesa foram enviados ao EUA para testes de avaliações. Não há nenhum registro de vôo do Shinden nos Estados Unidos. Após um período de armazenado, a US Navy transferiu o Kyushu J7W1 Shinden para o Smithsonian National Air and Space Musem.

"Apesar de nunca ter entrado em combate, nem ter sido testado e desenvolvido plenamente, o Shinden teve o mérito de ter sido um projeto inovador para sua época, ao contrário de muitos projetos de outros Canard, ele de fato voou, não ficando apenas no papel."


Características principais:

- Envergadura: 11,1 m
- Comprimento: 9,7 m
- Altura: 3,9 m
- Peso vazio: 3.645 kg
- Motor: 01 Mitsubishi HÁ-43, Modelo 2, de 1.660 HP
- Velocidade máxima: 750 km/h
- Altitude de serviço: 12.000 m
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Kyushu_J7W

(*)Um canard (pato em francês) é uma pequena asa localizada à frente da asa principal em aviões. O termo canard surgiu na França. O 14 bis de Santos Dumont foi o primeiro avião a implantar o canard.