20150730

Missão quase impossível

Em dado momento, chegou ao Grupo de Caça a ordem para que fosse bombardeado um banco de areia na Ilha do Fundão, próximo à ponte do Galeão, que estava infestado de mortíferas aranhas “Viúvas negras”. Um F-8 foi preparado, armado com duas bombas M38-A2 carregadas com “napalm”, mistura de gasolina com um agente químico.
Era uma missão que exigia perícia e determinação para ser cumprida, em função dos riscos, uma vez que o referido banco de areia estava localizado nas vizinhanças da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O eixo de ataque “ideal” previa o sobrevoo das instalações do antigo Aeroporto do Galeão e a recuperação, após o lançamento, sobrevoando o Hospital das Clínicas da UFRJ. A possibilidade de uma falha material, causando um lançamento inopinado, ou uma falha do piloto, errando grosseiramente o ponto de impacto, poderia ter consequências catastróficas. Não aparecendo nenhum outro voluntário, apresentei-me para cumprir a missão e pensei: Vai dar tudo certo, vou, mato e volto.
Acreditem ou não, a missão foi executada sem maiores percalços, duas passagens sobre o alvo, a primeira para conferir as condições de segurança na área e a segunda para efetuar o lançamento. A única repercussão daquele feito foi uma nota na imprensa, de autoria de um cronista social, no dia seguinte, recomendando jocosamente que o piloto passasse pelo “Parque Xangai”, para treinar e melhorar a pontaria. Para falar a verdade, na ocasião não compreendi porque não optaram por uma solução por via terrestre ou marítima e, ainda, porque eu mesmo aceitei aquele absurdo desafio.
Só muito recentemente fiquei sabendo que a “missão (quase) impossível” fora solicitada pelo comando da Base Aérea do Galeão, após a ocorrência de duas fatalidades, que envolveram um pescador e um soldado bombeiro, ambos picados pelo peçonhento aracnídeo,
  
Texto de Luiz Fernando Cabral – Cel.Av.Ref. 
Fonte: http://www.abra-pc.com.br/

Post (117) - Julho de 2015