20160323

A saga de Ada Rogato, a aviadora pioneira.

"A década de 30 foi marcada por vários fatos: os Estados Unidos se recuperando após a quebra da bolsa em 1929, a chegada do Estado Novo no Brasil com Getulio Vargas e Hitler assumia como Chanceler da Alemanha. O cinema difundia novos costumes, a musa alemã Marlene Dietrich imperava nas telinhas, o modelo de beleza de Greta Garbo desfilava um visual de sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz, sendo imitada por muitas mulheres da época.  No Brasil, a aviação engatinhava e uma jovem mulher pilotava aviões e saltava de paraquedas."


Ada Leda Rogato é uma personalidade pouco conhecida fora do seu meio – o mundo da aviação - mas foi uma destemida e pioneira num país onde os grandes feitos tanto quanto os malfeitos são logo esquecidos e pouco se faz para preservar a memória daqueles que temos motivos para nos orgulhar.

Nasceu em São Paulo em 22 de Dezembro de 1910, filha única dos imigrantes italianos Guilherme Rogato e Maria Rosa Grecco Rogato.

Quando se fala de mulheres que seguiram profissões ou atividades que até então só homens exerciam, Ada Rogato rompeu paradigmas para sua época. Ela foi a primeira mulher no Brasil a obter licença como paraquedista, a primeira a mulher a pilotar um planador, a terceira a obter brevê (1935) e a primeira piloto agrícola do país.

Também se destacou pelas acrobacias aéreas voando em aeronaves de pequeno porte. E graças às suas proezas, sua fama nacional e internacional cresceu a partir dos anos 1950.

Seus feitos:

Ada ousava sempre. Sua principal característica era voar sozinha, ainda que a aeronave possuísse recursos limitados. Naquela época, a infra-estrutura da aviação era modesta, o que não a impediu de realizar inúmeros reides.

Em 1950, pilotando um Paulistinha CAP-4, o PP-DBL, cobriu 11.691 km em 16 horas de Voo, ocasião em que transpôs, pela primeira vez a Cordilheira dos Andes. Foi, então, a brasileira que teve a primazia de efetuar essa proeza.

Em abril de 1951, sozinha, em sua epopéia aérea, percorreu no PT-ADV de 90 HP, 51.064 km em 326 h de voo, visitando 28 países. Decolou da Terra do Fogo, rumo ao Alasca, no mais longo reide efetuado por um aviador solitário (Circuito das Três Américas).

Em 1952 participou de uma revoada com 280 aviões brasileiros, para a Argentina, percorrendo 4.782 km em 29:09 h. Ainda,neste mesmo ano, em seu pequeno Cessna 140-A, partiu do Campo de Marte (SP) para a Bolívia, pousando no mais alto aeroporto do mundo, El Salto, situado a 4.071 m de altitude. Superou no voo, com sua habilidade, a rarefação do ar, a qual provocava queda na potência do motor.


No ano de 1956, novamente ousou ao percorrer 25.057 km, em 163 h de voo, visitando inúmeras capitais e sobrevoando parte da selva amazônica. 


Em 9 de junho de 1960, com um Cessnade de 90HP, concluiu seu mais arrojado feito, percorrendo aproximadamente 12.700 km. Sobrevoou em três meses: São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas, Montevidéu, Buenos Aires, Baía Blanca, Patagones, Deseado, Trelew, Comodoro, Rivadaria, Rio Grande e Eshuaia.

Em seu retorno passou por Rio Grande, Rio Gallegos, Comodoro, Rivadaria, Trelew, São Carlos de Bariloche, Puerto Montt, Concepción, Santiago, Mendoza, Cordoba, Buenos Aires, Resistência, Assúnción, Foz do Iguaçú, São Vicente, São Paulo e aterrissou no mesmo local da partida, Piracicaba / SP.

Uma trajetória sensacional que só terminaria em 15 de novembro de 1986 quando aos 76 anos quando veio a falecer.
  
Fonte http://lounge.obviousmag.org/por_tras_do_espelho/2012/06/ada-rogato---uma-mulher-a-frente-do-seu-tempo.html#ixzz43GSA7ZC3

Post (195) - Marçoe de 2016