20170131

Caravelle

Em 23 de junho de 1955 foi lançado o primeiro avião de passageiros a jato com turbinas na fuselagem. O Caravelle podia atingir velocidade de 800 km/h e foi usado primeiramente em voos dentro da Europa. O lançamento do novo avião representou uma verdadeira revolução na história da aeronáutica. Até 1955, a aviação civil conhecia apenas as aeronaves movidas a hélice

A história do Caravelle começou em 1951, quando o governo francês resolveu incentivar a criação de uma alternativa para o DC-3, da norte-americana McDonnel Douglas. A solução encontrada foi a construção de um bimotor a jato. Um ano depois, construtores franceses de aviões foram convidados a apresentar um projeto nesse sentido.


A tarefa imposta pela Comissão de Aeronaves Civis da França  era para a construção de uma aeronave que transportasse até 65 passageiros, mais a carga, a uma velocidade de 700 km/h.
Venceu o projeto da Société Nationale de Constructions Aéronautiques Sud-Aviation. A empresa havia planejado um avião que poderia ser usado tanto em conexões dentro da Europa como em viagens transatlânticas. Era o SE 210 Caravelle, batizado em alusão aos navios usados na época dos Grandes Descobrimentos.

Em vez de usar motores franceses, foram escolhidos motores britânicos da marca Rolls-Royce.
Os dois protótipos iniciados em 1953 foram apresentados ao público durante a Exposição de Aeronáutica de Paris em 23 de junho de 1955. Tratava-se de uma enorme conquista e prestígio para a aviação francesa.


Uma semana antes, o piloto francês Pierre Navot havia testado com êxito um dos protótipos. O sensacional para a época era o local onde as turbinas foram instaladas, em gôndolas diretamente na fuselagem, na parte traseira do avião, o que alem de diminuiu os ruídos para os passageiros, aumentava a aerodinâmica da aeronave.

As principais vantagens aerodinâmicas do novo avião eram sua grande estabilidade proporcinada pela liberdade da circulação de ar ao longo da fuselagem e do seu eixo longitudinal. Tal a potência dos motores que possibilitavam ao Caravelle manobrar e decolar com apenas com um dos motores.
O que chamava a atenção e o diferenciava de outras aeronaves no avião de 32 metros de comprimento eram as escadas situadas na traseira da fuselagem, as suas janelas triangulares. O modelo fez tanto sucesso que seu conceito foi copiado pelas fabricantes norte-americanas Boeing e McDonnel Douglas nos respectivos modelos 727 e DC-9.

Diversos modelos foram produzidos já que a potência dos motores disponíveis foi crescendo e permitindo pesos de descolagem mais elevados. O Caravelle 12, o último modelo produzido, denominado Super-Caravelle possuía uma fuselagem alongada em 3,2 m e uma versão aperfeiçoada dos motores JT8D, destinava-se ao transporte de 128 passageiros.


No início o Caravelle tinha um pára-quedas para ajudar na desaceleração durante o pouso, coisa comum nos aviões militares, mas era um problema recolhe-lo nos aeroportos.
Posteriormente foram instaladas turbinas reversíveis, que substituíram o pára-quedas.

Nesta altura o departamento de projetos da Sud-Aviation orientou-se para um transporte supersônico do mesmos tamanho e alcance gerais que o Caravelle, porém este trabalho seria fundido mais tarde com aquele a ser desenvolvido pela Bristol  que iria dar origem ao Concorde, mas isto já é outra história.

O último Caravelle deixou o centro de montagem em Toulouse St. Martin, na França, em 1973. No total, foram produzidos 282 aviões do modelo.
O Caravelle fez parte do equipamento de praticamente todas as companhias aéreas do mundo, inclusive da nossa tão saudosa VARIG.



Características principais:
Comprimento: 31,01 m
Envergadura: 34,30 m
Altura: 8,72 m
Velocidade máxima: 805 km/h
Autonomia: 1.700 km
Teto máximo 12.000 m
Tripulação: Piloto, co-piloto e engenheiro de vôo
Passageiros: 80
Carga útil: 8.400 kg
Peso máximo na decolagem: 46.000 kg
Motores: 2 x Rolls-Royce Avon Mk.527

Só para constar: Entre 18 de abril a 25 de junho de 1957, o protótipo n. 02 do Se-210 Caravelle, matriculado F-BHHI, participou de um tour pelo continente Americano. Nestes mais de dois meses, em um percurso de 29.800 milhas, visitou o Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela, Estados Unidos e Canadá, efetuando 60 voos de demonstrações nos quais 2.924 passageiros foram transportados.

Não podemos deixar de citar a sua passagem por Porto Alegre / RS, capital do Rio Grande do Sul, em 24 de abril de 1957.”(1)

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Post (275) - Janeiro de 2017