Em
julho de 2014, a CIA usou a sua conta em uma rede social dando ciência do aniversário
de 50 anos ocorrido em 2006 do primeiro voo de um avião de espionagem Lockheed_U-2 sobre a União
Soviética, realizado em 4 de julho de 1956.
Esses aviões, cuja existência foi
mantida em segredo durante anos, voavam muito mais alto do que se imaginava
possível na época. Para se ter uma idéia, um avião comercial chegava a 6.000
metros de altitude, enquanto que os U2s atingiam mais de 18.000 metros.
E
o que isso tem a ver com ceticismo? Bom, uma das postagens
“comemorativas”
da agência central de inteligência diz: “Lembram-se dos relatos de atividades
incomuns no céu nos anos 50? Éramos nós”.
O
Livro Azul foi um programa
mantido pela Força Aérea americana para catalogar e investigar informes de
objetos voadores não identificados, geralmente concluindo que não passavam de
fenômenos naturais ou veículos aéreos comuns. O saldo final foi à constatação
de que os óvnis não representavam ameaça aos EUA, não eram aparelhos
extraterrestres e nem usavam tecnologia superavançada.
Defensores
da chamada “hipótese extraterrestre” sobre a origem dos óvnis costumam encarar
a Operação Livro Azul com desprezo, considerando-a parte de uma grande
conspiração de acobertamento. O interessante é que o relatório divulgado pela
CIA mostra que houve, mesmo, uma conspiração de acobertamento envolvendo os
investigadores da Força Aérea, não para esconder a presença de óvnis entre
nós, e sim a existência do U-2.
“Investigadores
do Livro Azul telefonavam regularmente (...) para conferir informes de avistamentos
de óvnis com os registros de voos de U-2s. Isso permitiu que os investigadores
eliminassem a maioria dos informes, embora não pudessem revelar a verdadeira
causa dos avistamentos”. Diz no texto.
Esta
não é a primeira vez que documentos oficiais liberados pelo governo americano
expõem situações em que óvnis acabaram servindo de “cobertura” para
segredos militares, numa espécie de “conspiração alienígena às avessas”. Dois
casos anteriores foram o do Projeto Mogul, que usava balões para monitorar
testes nucleares – um desses balões, ao cair, deu origem à história do acidente
com disco voador na Cidade de Roswell no Novo México /
US, e o da Área_51, que servia de
base, não para aliens, mas para os aviões U-2.
O
caso Roswell foi uma ocorrência especialmente curiosa, já que um assessor de
imprensa da Força Aérea chegou a emitir nota confirmando a captura de um óvni,
plantando a semente da teoria de conspiração que viria a florescer mais tarde.
Um desmentido veio logo em seguida, mas quando o Caso Roswell finalmente ficou
famoso, no fim da década de 70, a manchete original – “Força Aérea Captura
Disco Voador” – chamou mais atenção que a errata.
Texto
de Carlos Orsi – Publicado originalmente na revista Galileu em 28/07/2014,
ligeiramente modificado.
Post (268) - Dezembro de 2016