20150511

Para voar basta CG e potência ?

            Com a chegada dos aeromodelos elétricos e o baixo custo dos equipamentos, a criatividade tomou conta e as pessoas “criaram” cada vez mais modelos inusitados: placas de sinalização de trânsito, super-heróis, animais, bruxas e tudo o que sua imaginação permitir começou a cruzar os ares.  Com isso, surgiu uma frase que certamente já ouviram falar pelo menos uma vez: “Qualquer coisa voa, basta ter CG (Centro de gravidade) e potência”. 


 Em muitos casos esta frase vem acompanhada com uma risadinha, ou em forma de piada. Porém, é preciso ter cuidado, pois esconde uma idéia equivocada de que, para um avião voar, basta estes dois fatores. É obvio que, com CG  no lugar correto e potência de sobra, até uma “privada” voa. Mas isso será que isso basta?

            Um aeromodelo geralmente é projetado, envolve engenharia, cálculos e vários cuidados para que ele voe conforme o que foi previsto.

            Existem inúmeras variáveis em um aeromodelo, e isso não envolve apenas peso, envergadura e potência do motor. Você certamente já ouviu falar de velocidade de estol (velocidade mínima para voar), e o tal do pitch speed? Ao multiplicar o passo da hélice pelo RPM do motor, temos a “velocidade da hélice”, o “pitch speed”. Percebe-se assim que, para o aeromodelo sair do chão, é preciso considerar a hélice, motor  e a velocidade de estol. Hipoteticamente, você poderia até colocar um mega motor, mas uma hélice inadequada e não atingiria a velocidade necessária para o modelo voar.

          Aviões do “SAE Aero Design” conseguem levar até 12 kg de carga útil com um motor glow. 61

  O perfil da asa também influencia diretamente o desempenho, assim como o passo da hélice e a carga alar. Uma asa com perfil Clark Y terá um desempenho bem diferente de uma com perfil NACA 2412, ainda que ambas possuam a mesma corda e envergadura.  O perfil da asa é uma das variáveis utilizadas não só para se encontrar a velocidade de estol de um modelo, mas também por suas características de voo.

            Ainda sobre asa e motor, por exemplo: dois motores que agüentam puxar 1 kg, mas diferentes nos “KVs”, podem ser, um destinado a velocidade com alta rotação, e o outro destinado a torque com alta força. Um biplano exige torque, não velocidade.  Já um aeromodelo de corrida exige muita velocidade e um Kv enorme. Um biplano de 1 kg não utiliza o mesmo motor que um monoplano de 1kg. Certamente você dirá: mas lógico, tem duas asas! Ok, se eu tenho um biplano da I guerra e um Ultimate (acrobático) com a mesma envergadura e peso, será o mesmo motor funciona para aos dois? Voar, talvez voem, mas não atingirão o seu desempenho máximo.

            Muitos daqueles modelos “exóticos” até voam, mas geralmente são instáveis e seu voo é restrito. Voar, qualquer coisa com CG e potencia voa, já voar como foi planejado e atingir sua eficiência, como visto exige muito mais.

Texto de Wagner de Barros (resumido) veja o texto original em:


Post (067) – Maio de 2015